19 de abril de 2008

Manifestação

Hoje, a notícia do dia é uma manifestação que foi organizada e obteve grande adesão num blog, com o intuito de “forçar” a novas eleições para a presidência do clube.
Como Benfiquista, também eu não estou satisfeito com os resultados do meu clube e sinto que as minhas expectativas, criadas pelo presidente no início da época, foram defraudadas pelas vergonhosas prestações desta “equipa maravilha”.
De resto, concordo que o presidente tem neste momento uma imagem desgastada, equiparada a “um bombeiro que tenta apagar todos os fogos”, na qual muitos não se revêem, propiciada por uma gestão de recursos humanos deficiente, por motivos mais ou menos compreensíveis (saída e não substituição de Veiga, não nomeação de porta voz para não exposição pública excessiva, etc...)
Não obstante, acho que estamos todos a reagir e não a agir. Reagir é meio caminho para errar, pressupõe resposta a um estímulo e muitas vezes a resposta tem pouco de mental, é rápida e sem espaço para ponderação e avaliação de melhores soluções e condutas.O que precisamos neste Benfica é de um líder, não de um “patrão”...
O líder é aquele que consegue motivar, consegue que se façam as coisas mais desagradáveis com um sorriso na cara, faz-nos acreditar que o que fazemos é mais importante do que podemos imaginar e que somos essenciais, únicos, que podemos sempre ser melhor na prossecução dos objectivos traçados pelo “patrão”, que será importante que sejam até ultrapassados esses objectivos para nossa auto promoção. Consegue que as coisas nos pareçam apetecíveis e convence-nos de que o que o “patrão” quer é exequível e é o melhor para todos. Dessa forma, ultrapassam-se obstáculos intransponíveis.
O Presidente é um “patrão”. O papel do “patrão” é dar condições de trabalho, transmitir os objectivos ao grupo e ao líder, apresentar dados que permitam que o trabalho do grupo seja comparado com o de grupos semelhantes, remunerar o grupo pelos serviços prestados segundo o previamente combinado e, quando se justificar, gratificar o grupo de alguma forma pelos resultados obtidos.
O grupo deve ser o mais homogéneo possível, contudo, havendo diferenças entre os elementos, essas diferenças são aproveitadas pelo líder de forma a coloca-las ao serviço dos interesses do grupo.
Por vezes o “patrão” tem características de líder, mas nem sempre isso acontece e nem sempre o verdadeiro líder do grupo é o indivíduo que ocupa um cargo por nomeação ou contrato. Quem tem qualidades de líder sejam inatas ou adquiridas, dependendo das situações, assume a liderança naturalmente, sempre que o grupo precise. Dependendo das situações, podem até haver trocas de líder, que deve ser uma pessoa em que os outros se revejam, em que acreditem, que dê o exemplo e saiba exactamente o que fazer ou dizer a cada indivíduo para obter dele o comportamento ou reacção mais favorável ao grupo.
Actualmente, meus senhores, não faz falta outro “patrão”. Não vejo como alguém possa, neste momento, melhorar o trabalho que tem sido feito a nível de recuperação financeira, construção de infra-estruturas, angariação de novos sócios, etc... Pode haver quem siga a mesma linha. Mas melhorar? É certo e sabido que o Pinto da Costa (desculpem o palavrão) não ganhou o que ganhou em dois ou três mandados (nem legalmente, mas isso é outra história). A desestabilização do trabalho em curso e da preparação para o novo modelo, já anunciado, que faz todo o sentido, com um director desportivo que personalize o papel de líder, pode provocar mais uma travessia no deserto.
O que faz falta, sim, é um líder. Alguém que optimize o trabalho, faça render os recursos, gira as emoções e trabalhe com o grupo, no grupo e para o grupo.

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